segunda-feira, janeiro 10, 2005

O GRITO (The Grudge)



Tenho reparado que ultimamente Hollywood está mais aberta para diretores estrangeiros. Conversando isso ontem com o amigo Zezão, depois da sessão de O GRITO (2004), ele disse que acredita que isso está acontecendo por causa da falta de criatividade que assola a indústria americana. É possível. Por isso, eles estão pegando diretores criativos vindos de países diversos como Espanha, França, México, Japão e até do Brasil. Se por um lado, isso pode estragar os diretores, por outro, eles têm a chance de ficarem mais conhecidos no mundo todo e ainda terem suas obras originais conhecidas por tabela.

Do Japão, os executivos de Hollywood estão de olho no sucesso do moderno cinema de horror japonês. Já tinham lucrado horrores com O CHAMADO (2002), de Gore Verbinski, remake do original RINGU (1998), de Hideo Nakata. Para esse ano, já está engatilhada a continuação, agora sob a direção do próprio Nakata.

Takashi Shimizu é outro diretor bem sucedido no Japão. Seu sucesso começou com JU-ON (2000), filme de horror feito para tv, que rendeu uma continuação no mesmo ano. Depois, surgiu uma versão do mesmo filme para o cinema, chamado JU-ON: THE GRUDGE (2003), que também teve uma continuação no mesmo ano. Enquanto não chega JU-ON 3 no Japão, é possível ver o remake do remake, dessa vez made in USA. Chamaram o próprio Shimizu para dirigir essa versão americana, com rostos conhecidos no elenco como Sarah Michelle Gellar e Bill Pullman.

Pullman, aliás, aparece meio zumbificado nesse filme, lembrando o seu papel na obra-prima A ESTRADA PERDIDA, de David Lynch. Os lynchófilos, como eu, também vão gostar de ver Grace Zabrieskie, a senhora com cara de doida que já foi a perturbada mãe de Laura Palmer em TWIN PEAKS, como a mulher atormentada pelos espíritos maléficos da casa assombrada.

O fato de o filme se passar no Japão foi uma boa idéia, já que a história, envolvendo a lenda de que se um espírito que morre com ódio, passa a atormentar as pessoas que têm alguma conexão com o lugar, é algo mais ligado ao Japão.

Na história, Sarah Michelle Gellar é uma enfermeira que vai cuidar de uma mulher com problemas mentais no Japão. O problema é que essa mulher está na tal casa amaldiçoada. Na verdade, a história não é o forte do filme. O GRITO se sustenta mais nas cenas de mistério e terror. Algumas das cenas não são boas, apelando para o susto fácil, como na cena do gato saindo do armário. Mas outras cenas são arrepiantes, como a cena do espírito do garoto surgindo detrás da cama, ou de uma cena nas escadarias de um prédio. O filme parece uma colagem de cenas de terror, faltando um pouco de coesão e de uma maior lógica na história. Mas eu, que sou fã dos filmes sobrenaturais de Argento (SUSPIRIA e INFERNO) e de alguns filmes sem história de Lucio Fulci (A CASA DO ALÉM e PAVOR NA CIDADE DOS ZUMBIS), não ligo muito pra esse "detalhe". Porém, muita gente pode se sentir incomodada ou até enganada ao sair do cinema.

Um dos maiores problemas do filme é que algumas cenas provocam risadas. O maior alvo de chacota do público é o barulho que os espíritos do mal fazem, sempre que ameaçam suas vítimas: mais parece um arroto prolongado. Muita gente saiu do cinema imitando o barulhinho. Inclusive, esse que vos escreve. O fato é que levando ou não a sério o filme, é possível se divertir bastante durante os seus 96 minutos.

E que venha O CHAMADO 2, do Nakata. E os JU-ONs originais em DVD.

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