quinta-feira, setembro 09, 2004
PAVOR NA CIDADE DOS ZUMBIS (Paura nella Città del Morti Viventi / City of the Living Dead)
Um dia desses estava numa reunião com com uns amigos (era aniversário do Igor) e a turma inventou uma brincadeira, cujo nome não me lembro, que consistia em escolher na sorte uma letra e depois cada pessoa do círculo ficava dizendo o nome de alguma pessoa famosa que começasse com uma letra "x". A letra "sorteada" foi a letra "L". Depois de várias rodadas, eu meio já sem opções, me lembrei do nome do Lucio Fulci. Mas não valeu. Ninguém sabia quem era Lucio Fulci. Nem eu enumerando alguns de seus filmes, aceitaram minha resposta. E eu fui desclassificado do jogo. Pois tá aí. Estou contribuindo para a popularização do nome do Lucio Fulci agora.
Fulci era um dos geniais picaretas do cinema de gênero produzido na Itália. O cara começou trabalhando com notáveis como Luchino Visconti, Roberto Rossellini, Federico Fellini, Steno e Mario Bava, mas acabou se desviando por gêneros considerados menos nobres. Por causa do preconceito que muita gente tem com o cinema de horror, ele é menosprezado ou ignorado por muita gente que diz gostar de cinema. De qualquer maneira, os seus filmes não são mesmo para todos os gostos. Não é todo mundo que agüenta ver da forma mais explícita possível (às vezes até com zooms) tripas e outros orgãos saindo da boca de uma mulher, ou um sujeito furando a cabeça de outro com uma furadeira elétrica.
PAVOR NA CIDADE DOS ZUMBIS (1980) tem tudo isso e muito mais. Na verdade, as cenas gory nem se justificam no roteiro furado do filme de Fulci. Mas, como bem disse Patricia MacCormack num texto da Senses of Cinema, para se apreciar os filmes de Fulci, deve-se esquecer certas convenções como roteiro bem trabalhado e de narrativa inteligível, por exemplo. Se bem que comparando com um filme posterior de Fulci - A CASA DO ALÉM (1981), que é bem mais "porra-louca" - PAVOR NA CIDADE DOS ZUMBIS até que tem um roteiro. Mas não adianta ligar muito pra ele. Se não você vai ficar se perguntando: por que diabos um padre vai se enforcar em pleno cemitério?; ou por que ninguém foi para o enterro da personagem de Katrina MacColl?; ou o que tem a ver com a trama zumbiesca a cena do sujeito atravessando a cabeça do outro com uma furadeira?
O que importa é que as tais cenas foram muito bem filmadas. Que elas são apelativas ninguém discute, mas isso faz parte da natureza desse tipo de filme. Na verdade, muitas das situações são mero pretexto para a exibição de seqüências memoráveis como: a cena da sessão espírita, com os bizarros zooms no belo rosto de Katrina MaColl (a musa de Fulci); Katrina acordando dentro do caixão e tendo sido resgatada a machadas (essa é a minha cena preferida); ou a do sangue saindo dos olhos de uma moça ao ver o fantasma do padre, entre outras.
PAVOR NA CIDADE DOS ZUMBIS é o primeiro filme de uma trilogia "imobiliária" composta por A CASA DO ALÉM e A CASA DO CEMITÉRIO (1981). Visto em divX conseguido com o amigo Leandro José.
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