segunda-feira, setembro 06, 2004

O AMOR EM FUGA (L'Amour en Fuite)



Graças ao amigão Pablo, que me presenteou com uma cópia em DVD-R do DVD da Criterion, pude finalmente assistir ao capítulo final da saga de Antoine Doinel, de François Truffaut. Lembrando que os outros longas que compõem a coleção de aventuras de Doinel, eu tive o prazer de vê-los, em toda sua glória, no cinema. OS INCOMPREENDIDOS (1959), marco inicial da Nouvelle Vague, é uma obra-prima, claro, mas foi só a partir dos filmes seguintes - BEIJOS ROUBADOS (1968) e DOMICÍLIO CONJUGAL (1970) - que eu fiquei realmente fã dessa série. Inclusive, hoje em dia DOMICÍLIO CONJUGAL está na minha lista de dez melhores filmes que eu vi na vida. Esse filme me fez chorar muito. Por isso já sabia que O AMOR EM FUGA (1979) não poderia causar a mesma catarse em mim.

O AMOR EM FUGA é um filme que não se sustenta sozinho como os outros filmes. É um filme feito para os amantes dos filmes anteriores da saga. Ele homenageia de maneira carinhosa os outros filmes, trazendo seqüências de todos eles em flashback. É também uma espécie de celebração da vida do personagem, contendo vários personagens dos filmes anteriores, entre eles: o primeiro amor de Antoine, Colette (Marie-France Pisier, que é co-autora do roteiro, junto com Truffaut); um dos amantes de sua mãe (aquele que aparece beijando-a na rua em OS INCOMPREENDIDOS) e Christine (a bela Claude Jade).

Mas de que adiantou eu torcer tanto para os dois (Antoine e Christine) ficarem juntos em BEIJOS ROUBADOS e DOMICÍLIO CONJUGAL para vê-los agora em processo de divórcio? Uma pena. Lembro que quando eu vi as pernas de Claude Jade nesses filmes, eu ficava idealizando um casamento similar pra mim. Não apenas por causa das pernas dela, claro, mas por causa do jeito dela, e da química entre os dois. Identificava-me com o jeito quase infantil de Antoine de se preocupar mais com a estante para colocar os seus livros do que com coisas mais práticas. E teve o nascimento do filho deles, que eu compartilhei com uma alegria tamanha, que até parecia que era meu filho nascendo.

Em O AMOR EM FUGA (ou no pouco que sobra do filme, já que há tantos flashbacks), Antoine está de namorada nova, Sabine, que aparece logo no início do filme. Linda ela. Mas o filme não desenvolve muito bem o relacionamento dos dois, então não é a mesma coisa de antes. Muito legal a canção de abertura do filme, "L'Amour en Fuite", de Alain Souchon, que toca nos créditos iniciais e finais.

Truffaut, em entrevista constante nos extras do DVD (pena que são curtinhos), fala que não ficou muito satisfeito com o resultado do filme. Achou que Antoine ficou meio caricaturesco nesse filme. Mas Truffaut é muito autocrítico e acho que no fundo ele sabia que estava produzindo um verdadeiro presente para os fãs.

P.S.: Até hoje não vi o curta ANTOINE ET COLETTE (1962), segunda parte da série. Fiz a besteira de perder quando ele foi exibido nos cinemas daqui, junto com OS PIVETES (1957).

P.P.S.: Comprei o livro "Hitchcock / Truffaut - Entrevistas", o encontro mágico do "cineasta por excelência" com o "homem que amava o cinema". Não dá pra não ter. Falarei mais do livro quando comentar algum filme do Hitchcock aqui, em breve.

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