ROMAN POLANSKI EM DOIS FILMES
Por ser um grande fã de obras-primas como O BEBÊ DE ROSEMARY (1968), CHINATOWN (1974) entre outros filmes de Polanski, incluindo os mais recentes, sempre tive vontade de conhecer os filmes que ele realizou na década de 60, antes da chegada do filho do demônio. No início do ano pude ver em dvd A DANÇA DOS VAMPIROS (1967) e agora tive a chance de ver ARMADILHA DO DESTINO(1966), em vhs, e REPULSA AO SEXO (1965), numa linda cópia em divx fornecida pelo amigão Fábio Ribeiro. Pode ser que esses filmes anteriores ao "bebê" não provoquem o mesmo impacto dos filmes subseqüentes, mas com certeza, eles trazem prazer estético para quem os assiste, com sua bela fotografia em preto e branco, enquadramentos caprichados e mulheres bonitas.
REPULSA AO SEXO (Repulsion)
Na trama, Catherine Deneuve é uma mulher que, como já diz o título, tem repulsa ao sexo oposto. Ela tem nojo dos homens e começa a apresentar um comportamento violento e psicótico que vai desencadear em morte e violência. O filme tem um andamento bem lento e vê-se que Deneuve é uma mulher de coragem para aceitar papéis como esse. Depois desse filme ela ainda faria filmes ousados com Luis Buñuel (A BELA DA TARDE e TRISTANA). Eu gosto bastante das cenas externas, com a Catherine andando na rua e a câmera de frente pra ela. O que me fascina nessas cenas é o clima sessentista no ar. Lembrei na hora de uma cena de O CORPO ARDENTE, do Khouri. O clima do filme também lembra BLOW UP, do Antonioni. A parte de terror é bem diferente. As alucinações da protagonista são, de início, rápidas. E quanto mais rápida, mas chance tem de assustar. Vendo esse filme, eu vi de quem o Aronosfy copiou para fazer as cenas de loucura em RÉQUIEM PARA UM SONHO. Para as seqüências de esfaqueamento e violência, Polanski resolveu utilizar o mesmo recurso da cena do chuveiro de PSICOSE, do Hitch. Com esse recurso, o espectador meio que se torna um participante (e vítima) do assassinato, não apenas uma testemunha.
ARMADILHA DO DESTINO (Cul-de-sac)
Nesse filme, vemos um triângulo inusitado: um homem de negócios (Donald Pleasance) que vive com uma mulher bem mais jovem que ele numa casa afastada da cidade, a mulher (a bela Françoise Dorléac, irmã mais nova de Catherine Deneuve e que aparece nua várias vezes no filme) e o intruso, um gângster que fugiu com o parceiro depois de sobreviver a um tiroteio. A presença de Françoise no filme é forte e atraente. Lembrei na hora da gostosíssima Emanuelle Seigner em LUA DE FEL (1992). Polanski deve curtir mulheres fatais e provocantes. Outra cena que me fez lembrar de uma obra recente do diretor foi a cena do gângster invadindo a casa e checando o que tinha pra se comer na cozinha. Parecido com o que Adrien Brody faz quando tem que sobreviver na Guerra em O PIANISTA (2002). Será que Polanski teve experiência em invadir cozinhas no tempo da Guerra? O final do filme é brusco e com uma montagem intrigante. Deu impressão de que foi cortada alguma cena. Será que o filme é assim mesmo ou é problema da cópia da Globo Vídeo?
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