DUAS METRÓPOLES
Recentemente, curioso pra ver o anime METROPOLIS, aluguei junto o clássico de Fritz Lang para poder ver as semelhanças entre as duas obras e começar a tirar o atraso que eu tenho na obra de Lang. Na verdade, os dois filmes são bem diferentes. Têm pontos em comum, mas há muitas diferenças. O ruim foi que eu peguei esses DVDs quando não estava muito bem para me concentrar. Então, já fiquei com uma má impressão dos dois filmes logo de cara. Por isso, demorei pra vê-los. Vi tudo em pedaços, o que não é a melhor maneira de se ver um filme, mas se eu não fizesse isso, não teria visto os dois trabalhos. Comento a seguir os dois filmes separadamente.
METROPOLIS (1927)
O filme de Lang não fez a minha cabeça. Achei cansativo, com uma moral meio esquisita e com um personagem principal com cara de babaca. Sem falar nas tradicionais oscilações de luz, presentes em quase todo filme mudo. Mas METRÓPOLIS tem mais problemas do que, por exemplo, os filmes do Chaplin, que não envelheceram tanto. A história tem um quê de Romeu e Julieta, de Shakespeare, mostrando o amor do filho do homem mais rico de Metrópolis por uma moça pertencente às classes mais baixas da sociedade, a dos trabalhadores braçais, que ficam escondidos na parte subterrânea da cidade. Achei meio confusa a idéia que Lang quis colocar no filme: afinal, os trabalhadores não devem mesmo se rebelar contra os maus tratos? Se eles fizerem isso eles sofrerão as conseqüências? Meio estranho. Tanto é que Hitler até convidou Lang pra ser o cineasta de propaganda nazista do Terceiro Reich. Felizmente, Lang rejeitou a proposta e durante a Guerra ele fugiu para os EUA para fazer uma carreira bem sucedida. Hoje ele é cultuado como um dos gênios do cinema. Talvez eu tenha começado mal com a filmografia de Lang, mas isso não diminuiu nem um pouco a vontade que eu tenho de me aprofundar na sua obra. Ah, a trilha sonora, produzida nos anos 90, ficou muito boa, com excelente sincronização com a imagem. Nem parece a vez que eu vi EM BUSCA DO OURO, do Chaplin, com uma trilha chata e totalmente dissonante com o filme.
METROPOLIS (2001)
É até covardia eu ter visto esse desenho em longa-metragem, logo depois de ter visto CHIHIRO e EVANGELION. Resultado: não curti o filme e nem a história me comoveu, apesar de ela ser bem melhor do que a do filme de Lang. O filme foi dirigido por Rintaro (no IMDB tem escritoTarô Rin), foi baseada nos mangás de Ozamu Tezuka (que eu não conheço) e tem roteiro de Katsushiro Otomo, o diretor de AKIRA (1988). O filme, com certeza, é melhor apreciado na telona, já que é muito bem desenhado e cheio de detalhes. A parte técnica é impecável. A semelhança com o filme de Fritz Lang é que no anime existe uma cidade super-desenvolvida que sobrevive graças à massa de trabalhadores injustiçados. As semelhanças param por aí. No anime, o filho do homem mais rico é avesso aos robôs e é o vilão da história. Vendo os extras do DVD, vi que esse personagem não existia nos quadrinhos de Tezuka. A parte mais bonita do filme é a robozinha que conquista o coração de um rapaz e que sofre de tristeza por causa de sua condição inumana. A música do filme é jazz de Nova Orleans, típico da década de 20, época do filme de Lang. É um bom filme com final apocalíptico. Só não me conquistou.
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