HULK E VISITA À VIDEOLOCADORA
Hoje é o meu primeiro dia de férias. Fui ao cinema assistir HULK e aluguei uns filmes.
Em DVD peguei:
- UMA LIÇÃO DE VIDA (Wit), produção pra tv de uma peça que li recentemente (cortesia de Mr. Doho) e com Emma Thompson no papel principal;
- ENFERMEIRA BETTY, de Neil LaBute;
- SABOTADOR, de Alfred Hitchcock - esse filme do Hitch é inédito pra mim. Sempre bom ver filmes dele, ainda que esse eu não sei se vou gostar, já que envolve espionagem. Mas ainda assim estou com vontade de vê-lo;
Em vhs peguei ALPHAVILLE, do Godard. Filme muito falado dele e eu tinha que ver. Tomara que a fita (bem velhinha) preste.
De mangá, pra não perder o costume, mais Evangelion. Hehehhe..
Bom, no mais estou gripado, minha mente está meio nublada e minhas idéias estão confusas, mas vamos ver o que eu posso dizer do filme do Ang Lee.
HULK (The Hulk)
Muita gente anda metendo o pau no Hulk, o que é algo bastante perigoso. Vai que ele fica com raiva. Agora sério, o filme é bem interessante. È claro que é um filme problemático, mas os problemas são mais no que se refere ao ritmo e isso é foi opção do diretor. Gostei do prólogo do filme, com visual anos 70, cortes rápidos, vários quadros na tela, referindo aos quadrinhos. O começo do filme também parece filme de ficção científica dos anos 70. Gostei da Jennifer Conelly (claro, né), linda e maravilhosa. É sempre bom vê-la, seja em que filme for. Gostei dos efeitos especiais, especialmente na cena da primeira transformação de Banner em Hulk. Muita gente reclama dos efeitos especiais, do excesso de CGI, que tira o realismo e tal, mas se a gente for lembrar de KING KONG, de 1933, aquilo ali era muito tosco. E o filme é excelente. (Nem queria que Peter Jackson se metesse num remake, mas deixa pra lá.)
No começo do filme uma coisa me incomodou. Ang Lee não usou som direto e as dublagens não sincronizavam com o movimento dos lábios dos personagens. Mas tudo bem. Depois de um tempo de filme vi que passam a usar o som direto. Por falar em tempo, talvez esse seja um dos grandes problemas do filme. Ele é arrastado e dura mais de duas horas, não tem a agilidade do HOMEM-ARANHA, do Sam Raimi, ou de X-MEN 2, do Singer. Mas por outro lado, o filme não é uma aventura, é um filme de monstro, tendendo para o drama, como FRANKENSTEIN ou O MÉDICO E O MONSTRO. Hulk não é um super-herói (nos quadrinhos às vezes ele era), mas algo malígno (e ao mesmo tempo inocente) que consome Bruce Banner, um sujeito frágil e apagado, que tem a sorte de ser amado por uma mulher tão linda quanto Betty Ross. Um personagem bem interessante é o pai de Bruce, o cientista David Banner, numa interpretação muito boa de Nick Nolte. Gostei da história do trauma de infância de Bruce, dos bloqueios mentais.
Muito interessante a citação de um dos vilões mais legais das histórias do Hulk (e de outros heróis Marvel): o Homem-Absorvente. Pra quem não conhece e pensa que tem alguma relação com absorventes femininos, explico: o Homem-Absorvente tinha o poder de absorver a forma de qualquer matéria que tocasse. Nos quadrinhos, uma das histórias mais memoráveis é uma em que Hulk, fugindo de todos, vai para uma ilha deserta, onde encontra essa criatura por lá. Eram os bons tempos em que Hulk era desenhado por Sal Buscema, logo quando eu comecei a acompanhar as histórias. Nem em lembro quem fazia o argumento.
Voltando ao filme. Disse que gostei de várias coisas aí em cima, mas, apesar disso, HULK não é um filme agradável, prazeiroso. É até um pouco desconfortável. Vi muita gente rindo do visual do Hulk, dos pulos dele (gente que não conhece os quadrinhos), das calças. Por falar em calças, que material bom é aquele das calças, hein? Estranho ela não se rasgar toda, deixando o gigante verde pelado, não??
DOIS DOCUMENTÁRIOS
Recentemente vi dois documentários. Um deles bastante famoso. Comentários rápidos, que eu não ando inspirado.
TIROS EM COLUMBINE (Bowling for Columbine)
No domingo fui ver o documentário premiado com o Oscar da categoria nesse ano. O filme de Michael Moore é bem interessante. Gostei do público da sala, que estava entusiasmado com as "presepadas" de Moore. Pra quem não sabe, TIROS EM COLUMBINE é um libelo contra as armas, feito por um cara que saber ser chato como ninguém. Hehehe.. Quem já tinha visto do que ele é capaz em ROGER E EU, tem idéia do que ele faz nesse outro filme, bem mais inteligente e melhor trabalhado.
Uma das melhores coisas do filme e que me fez sorrir de satisfação foi a história dos brancos e da cultura do medo desde do tempo da colonização, contado em desenho animado. Tudo começou com os puritanos que fugiram da Inglaterra com medo de serem mortos, aí fundaram a América, mas aí ficaram com medo dos índios e mataram os índios. Depois, começaram a ter medo de si mesmos e começaram a queimar bruxas. E a história não pára por aí. O desenho foi feito pelos caras do SOUTH PARK. Inclusive, Matt Stone aparece no filme reclamando do jeito "excessivamente normal" de várias famílias americanas.
Charlton Heston foi pego pra ser crucificado no filme. E o pior é que ele merece. Ótima a cena em que Moore diz que é membro da NRA pra conseguir entrar na mansão do "Moisés". Marilyn Mason é outra estrela do filme. E eu gostei bastante do discurso dele. Parece ser um cara bem lúcido, sabe o que faz, apesar de todas aquelas loucuras que ele faz no palco. Ele é verdadeiramente um artista. Outro destaque do filme é uma seqüência que mostra sucessivas invasões americanas a outros países, ao som de "What a Wonderful World", cantada por Louis Armstrong. Há também a cena das duas vítimas do massacre na loja que vendeu as balas que deixaram seqüelas e arruinaram suas vidas no massacre de Columbine.
O filme é muito legal e tudo, mas ainda acho que 120 minutos é muito e alguma coisa poderia ter sido cortada para deixar o filme mais redondinho. Ainda assim, Columbine é um dos documentários mais vibrantes que eu já vi.
A NOUVELLE VAGUE POR ELA MESMA (La Nouvelle Vague par elle-même)
Nem tenho muito pra falar desse documentário. Passou na Tv Cultura na última sexta-feira. Gravei mais pra conhecer mais sobre o assunto, já que ainda me considero leigo. Assisti a poucas coisas desse período/movimento. Acho que só Godard, Resnais e Truffaut. Os filmes que vi de Jacques Rivette e Claude Chabrol já foram da década de 90.
O documentário foi registrado no ano de 1965, qaundo Jean-Luc Godard estava filmando BAND A PARTE. Foi legal vê-los vivos no auge do impulso criativo. Se bem que já em 65 o filme conta que o movimento já encontrava dificuldade de prosseguir. Não era bem um sucesso de público.
Outra coisa boa de ver esse filme foi perceber que Nouvelle Vague não era só Godard, Truffaut, Chabrol, Resnais e Rivette. Existiam vários outros cineastas importantes e muito pouco falados por essas bandas. E o legal desse movimento é que todos eles tinham características diferentes. Não era como um Dogma 95 ou um Cinema Novo, que tentava ditar as regras do movimento. Lá havia a liberdade de fazer o que quiser, e de preferência de modo diferente. Isso era a regra. (Ah, estou falando besteira sobre regra.) Estou com ALPHAVILLE aqui pra ver e depois comento. Vou me tornar menos ignorante no assunto.
A MALDIÇÃO DO DEMÔNIO / A MÁSCARA DE SATÃ (Black Sunday / La Maschera del Demonio / The Mask of Satan)
Ontem, pela primeira vez assisti a um filme de Mario Bava, o mestre do horror gótico italiano. Infelizmente o meu vídeocassete fresco ficou "dizendo" o tempo todo que a fita tinha falhas, quando na verdade a falha é do vídeo. Mas deu pra ver o filme. Filmão, hein.
Antes de escrever sobre ele, dei uma pesquisada na internet. O melhor texto que eu li até agora foi do site Senses of Cinema, que traz um belo texto de três páginas. Vale a conferida para aprofundar a obra. Outro texto ótimo está no site Images Journal. Aqui no Brasil, parece que o maior conhecedor de Bava é o amigo Thomaz Albornoz, criador da lista Canibal Holocausto e da Cinefelia. Aliás, se eu não tivesse entrado na Canibal, não teria conhecido tantos filmes legais. Mario Bava é, ao lado de Dario Argento e Lucio Fulci, ídolo do pessoal de lá. No esquema de brodagem, a fita foi gravada pelo amigo e músico Fab Rib, originada do DVD americano do filme. Pesquisando pela web vi que esse DVD vem com um comentário em áudio de Tim Lucas, o maior conhecedor do cinema de Mario Bava e autor de uma biografia de respeito do cineasta.
BLACK SUNDAY (1960), o título mais famoso dentre os vários que o filme possui, é rico em atmosfera noturna, galhos de árvores assustadores, trilha sonora envolvente e imagens únicas. No filme, o horror vem de vampiros que não são bem vampiros. Pelo menos, não os vampiros que a gente está acostumado a ver, chupando sangue e tal. Essas criaturas foram inspiradas no conto "Vij", do escritor ucraniano Nikolai Gogol e tem mais a ver com o vampiro eslavo do folclore da antiga União Soviética. Esse conto também inspirou o filme russo VIJ (1967), que, dizem, é bem mais fiel à obra literária.
O filme começa com um prólogo bem interessante: Barbara Steele é uma princesa condenada à morte por bruxaria e que, atada a uma estaca, amaldiçoa os seus acusadores, antes de ter aplicada em seu rosto uma máscara cheia de pregos que é colocada violentamente com um martelo enquanto ela grita de dor. Depois disso uma violenta tempestade assusta os homens, que deixam o corpo lá, antes mesmo de queimá-lo. Assim como em O CASTELO ASSOMBRADO (1963), de Roger Corman, a história salta dois séculos, quando dois homens descobrem o sarcófago da bruxa e o terror começa.
Uma das cenas mais impressionantes, além da mostrada no ótimo prólogo, é a cena em que um dos escravos da bruxa leva um dos personagens numa carruagem. A cena é até melhor do que as tradicionais cenas de carruagem dos filmes de Drácula da Hammer. Enquanto assistia o filme, ficava imaginando como seria vê-lo na telona do cinema, com mais chance de entrar no clima e menos chance de dispersar. Será que um dia, algum filme do Bava vai passar nos cinemas daqui novamente?
Agora é ir atrás de outras obras de Bava: BLACK SABBATH, BARON BLOOD, LISA E O DIABO, THE WHIP AND THE BODY, BLOOD AND BLACK LACE, KILL BABY, KILL!, O PLANETA DOS VAMPIROS, BANHO DE SANGUE...