segunda-feira, março 24, 2003

UM JACK VALE MAIS QUE DOIS CAGES

O final de semana foi um pouquinho diferente. Menos angustiante que o anterior, mas teve também as suas perturbações. No sábado, fui com minha irmã comprar um computador. (Não dá mais pra ficar sem, quando a gente é viciado.) Vão ser muitas preocupações futuras pra pagar as parcelas, mas eu consigo. Já venci obstáculos maiores. No sábado, um amigo dos tempos do 1º grau ligou pra mim. Há tempos não o via, mas sei que ele andava com a vida bem complicada. Fui tomar uns chopes com ele e o homem parece que saiu de um filme do Scorsese. Disse qeu cheirou cocaína até ficar tão fissurado que cheirou até areia da praia, que ganhou muuuito dinheiro, que foi pra Nova York, que viajou o Brasil todo, que passou 6 meses numa clínica de reablitação em Curitiba, que teve 5 mulheres, que comprou vários carros e que estava esperando pra receber 500 notebooks, que vendendo tudo vai ficar com dois milhões... é tanta coisa que já me enxeu o saco. Vá à merda. Seja isso mentira ou não. Hehehe..

Bom, como o sábado foi pro brejo, no domingo vi dois filmes: AS CONFISSÕES DE SCHMIDT e ADAPTAÇÃO. Jack Nicholson versus Nicholas Cage. Os dois estavam concorrendo ao Oscar de melhor ator. Perderam para Adrien Brody. Eis os comentários:

AS CONFISSÕES DE SCHMIDT (About Schmidt)

O filme traz uma das melhores interpretações de Jack Nicholson. Nos últimos anos, ele vinha meio que se repetindo. Mas esse papel é muito bom. A direção de atores de Alexander Payne é ótima. E o filme lembra alguns filmes ótimos como CHUVAS DE VERÃO, de Cacá Diegues (a história de um homem que sente o baque da aposentadoria); HISTÓRIA REAL, de David Lynch (um road movie de um velho, conhecendo pessoas durante o percurso); MORANGOS SILVESTRES, de Ingmar Bergman (um velho reavaliando a sua vida e tendo recordações de suas origens). Além de ter todo esse potencial dramático, o filme é também uma comédia muito inteligente. A história: Schmidt se aposenta, fica triste, se sentindo inútil, fica mais irritado com a mulher e passa a mandar cheques para um menino carente na África, junto com cartas contando de sua vida pessoal. É a partir das cartas que ficamos mais íntimos dele. E mesmo com todos os seus defeitos, passamos até a nos identificar com ele. Tem momentos de tristeza e de alegria. E eu que nem gostava mais de Jack, fiquei fã dele novamente. Ah, e o filme também tem coadjuvantes ótimos, destaque para Kathy Bates. Filmão.

ADAPTAÇÃO (Adaptation.)

Já o filme de Spike Jonze não fez a minha cabeça. Desde o primeiro filme dele (QUERO SER JOHN MALKOVICH), que eu acho as idéias melhores que o resultado final. Logo, como as idéias são de Charlie Kaufman o crédito talvez seja dele. Os dois filmes de Jonze são interessantes, mas me dão uma agonia sem tamanho depois de uma hora de filme. Nicolas Cage está bem, interpretando dois irmãos gêmeos. Quando quer, até que consegue ser menos canastrão. Mas ainda assim, o Jack Nicholson lá de cima dá de dez em dois Cages. Gostei do filme sim, mas acho que ele tem tantas idéias que elas se perdem lá pelo final. Talvez o drama de Kaufman seja bem parecido com o drama do personagem do filme, que também se chama Charlie Kaufman. É um exercício de metalinguagem que não encontra o caminho.

Té mais!!

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