terça-feira, dezembro 23, 2003

SEGUNDA-FEIRA AO SOL (Los Lunes al Sol)



No fim de semana que passou o único filme que vi no cinema foi SEGUNDA-FEIRA AO SOL, filme que representou a Espanha na categoria de Filme Estrangeiro na última edição do Oscar. Muita gente ficou admirada por não terem indicado FALE COM ELA, uma obra-prima de Pedro Almodóvar. Mas pelo que eu entendi, os espanhóis não curtem muito Almodóvar. Será que o provérbio que diz que santo de casa não faz milagre é verdade? No Japão, Akira Kurosawa também não era muito considerado pelos japoneses, mas era idolatrado no resto do mundo.

Comparar SEGUNDA-FEIRA AO SOL com FALE COM ELA é até covardia. O filme de Fernando León de Aranoa (pouco conhecido no Brasil) não chega aos pés do filme do Almodóvar, um primor não só de linguagem narrativa como também de imagens inspiradas. SEGUNDA-FEIRA AO SOL é apenas um bom filme com boas interpretações e um tema comovente, mas nem tanto.

O grande destaque do filme é mesmo Javier Bardem. O cara está barrigudo, calvo e com aspecto desgastado, tornando o seu papel bem convincente e comprovando a sua versatilidade na arte de interpretar. Só pra lembrar, Bardem já foi cafajeste em OVOS DE OURO (1993), paraplégico angustiado em CARNE TRÊMULA (1997), viciado em sexo em ENTRE AS PERNAS (1999) e homossexual em ANTES DO ANOITECER(2000), entre outros papeis interessantes, inclusive em JAMÓN, JAMÓN (1992), quando fez bizarras cenas envolvendo touradas. Futuramente ele vai ser visto no cinema em dois esperados filmes: ele vai interpretar o traficante Pablo Escobar no esperado KILLING PABLO, de Joe Carnahan (NARC), além de ser o protagonista do próximo filme de Alejandro Almenábar chamado MAR ADENTRO. Esse deve causar polêmica, já que fala sobre o sujeito que fazia campanha a favor da eutanásia.

SEGUNDA-FEIRA AO SOL trata da vida de pessoas desempregadas e que tem dificuldade de conseguir emprego, entregando-se à bebedeira ou passando o dia vadiando, tomando sol e tentando reagir de alguma maneira à baixa auto-estima reinante. O personagem de Bardem, o Santa, é o mais engraçado do grupo de desempregados. Ele é o que menos se esforça pra mudar de vida, apesar das incontáveis dívidas que lhe aparecem. Mas há também no grupo o cara que sustenta suas esperanças jogando na loteria enquanto é sustentado pela mulher, o homem que foi abandonado pela esposa e se entrega ao álcool e o sujeito que sofre por já ter cabelos brancos e aparência de velho, não conseguindo encontrar emprego num mercado de trabalho que só quer pessoas jovens.

Achei o filme com um andamento bem preguiçoso. Talvez pra deixar o filme com clima de segunda-feira com sol quente e nada pra se fazer.

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